julho 2010


por Marina Macambyra*

Deu no jornal do Campusdois professores se desligaram da Associação dos Docentes da USP porque a entidade fez uma doação em dinheiro ao Fundo de Solidariedade dos funcionários, criado para ajudar o pessoal que teve desconto de salário durante a greve.

Como não me canso de ser bobinha, confesso que fiquei um tanto chocada. Não propriamente com a ojeriza às greves e aos grevistas, hoje tão banal, mas com a atitude desses professores em relação à sua associação, uma entidade respeitável e respeitada. Então é assim? Não concordo com uma decisão, chuto a entidade? Perdi a partida, jogo no chão o tabuleiro? Não foi assim que me ensinaram.

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Isonomia de salário não é isonomia de percentual de aumento. Embora isso seja óbvio, alguns professores uspianos, durante a greve dos funcionários, preferiram fazer de conta que não era disso que se tratava parte das reivindicações dos trabalhadores da Universidade de São Paulo, e, de maneira muito hipócrita, aderiram ao discurso que afirmava quererem os funcionários igualar seus salários aos dos docentes, ou que já tinham um salário alto. Quando não aderiram, omitiram-se diante de.
Nisso há preconceito, mesquinharia e, claro, o já mencionado cinismo.
*Reproduzimos aqui o texto publicado no “jornal” Folha da São Paulo em resposta ao vergonhoso artigo publicado pelo reitor da Universidade de São Paulo João Grandino Rodas, vulgo 4Rodas, no mesmo jornal(aqui) entitulado Mecenato e Universidade.
por Ricardo Antunes e Marcus Orione


Por que as universidades públicas são as que geram conhecimento, ciência e reflexão de ponta, e não as infindáveis escolas privadas?


Em reiteradas oportunidades, o reitor da Universidade de São Paulo (USP) tem-se manifestado a favor de doações de “mecenas” para a modernização do ensino universitário. Chegou a fazer tal declaração, eivada de significados e consequências, em momento tenso e de greve nas universidades paulistas.

Utiliza-se como argumento central o fato de que seria impossível a manutenção da universidade pública sem subvenções de particulares, do novo “mecenato”. Pela parceria público-privada, as universidades deslanchariam. Nenhuma repercussão negativa haveria, tem dito, como resultante desse auxílio desinteressado dos doadores. E tudo isso, ainda segundo advoga o reitor, deve ser pensado “sem ideologias”, ainda que a manifestação tenha se dado no contexto de corte do ponto dos servidores públicos em greve -o que conspira contra a essência desse direito. (mais…)

Por Chico Cabral

J.G Rodas mais do que o candidato do Serra é o candidato do PIG*. Desde que assumiu tem recebido mais atenção da imprensa que campeão de big brother em revista de fofoca.

Desde que foi nomeado reitor, Rodas tem obtido um enorme espaço dos meios de comunicação. No estado já públicou 2 artigos e concedeu 3 entrevistas(sendo uma para o estadão.edu), na Folha publicou mais 2 artigos e 2 entrevistas, além disso concedeu mais 10 entrevistas sendo elas: uma à Rádio CBN, três à Rádio Bandeirantes, uma ao portal R7, duas à Rede Vida, duas entrevistas à Globo, uma à Rádio USP, uma ao provocações e ontem foi ao programa Roda Viva.

Além de possuir contatos nos grandes meios de comunicação a competente assessoria de imprensa do Reitor usa também o poder da reitoria para fazer reverberar suas opiniões. Daí vem o espaço na Rádio USP e o espaço na TV Cultura. Como bem lembrou Antônio Abujamra, na entrevista com o reitor em seu programa, como reitor da USP 4Rodas passou a ser membro do conselho curador da Fundação Padre Anchieta(TV Cultura), certamente por isso que conseguiu espaço no programa Roda Viva. Não apenas conseguiu espaço como enfrentou uma equipe seleta de entrevistadores dentre os quais não havia um único que não concordava com suas idéias.

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* Reproduzimos aqui uma avaliação feita por alguns funcionários do SINTUSP militantes da LER-QI sobre o fim da greve dos funcionários. Apesar de ter algumas tantas discordâncias com o teor do texto julgo muito válida a leitura(Chico Cabral)

retirado do site da LER-QI

Depois de 57 dias em luta, chegou ao fim a greve dos trabalhadores e trabalhadoras da USP. Apesar de não conseguir as principais reivindicações que motivaram a greve, como a luta pela recomposição da isonomia (igualdade de aumento salarial com professores), os trabalhadores conseguiram impôr o pagamento dos dias em greve, que foram descontados de forma arbitrária e ilegal pela Reitoria e pelo governo Serra, contra a posição da Congregação da Faculdade de Direito da USP, que reúne os principais advogados e juízes do país, seguindo a orientação do Juiz do Trabalho Jorge Souto Maior que dizia que “não é possível contrapor o direito de greve ao direito de sobrevivência do trabalhador”. Isto ocorre num momento em que o presidente Lula e o PT, que se empolgam falando que são representantes dos trabalhadores e dos pobres, vem dando declarações reacionárias sobre o direito de greve, afirmando que“greve não é férias, greve é guerra”, e por isso é necessário cortar os salários dos trabalhadores em greve, em especial do funcionalismo público. A burocracia sindical da CUT, apoiadora do governo Lula, fez aceitar que muitas categorias tivessem os seus dias descontados – professores da rede estadual de São Paulo, INCRA, IBAMA, entre outros que ainda sofrem ameaça. Por isso a luta dos trabalhadores da USP e seu sindicato combativo, deram um exemplo a todos os trabalhadores: não temos que aceitar sem luta o ataque ao direito de greve dos trabalhadores. É nesta situação nacional que os trabalhadores da USP se reafirmam como um exemplo para o conjunto da classe trabalhadora brasileira, demonstrando que é possível lutar. (mais…)

“É um grupo que paralisou o funcionamento da universidade. E nós sabemos que isso é muito fácil. Existia um chinesinho na Praça da Paz Celestial que paralisou toda uma coluna de tanques do Exército chinês, sozinho. É a mesma coisa.”

ALBERTO GOLDMAN, governador de São Paulo sobre a greve da USP.(Edição impressa do jornal O Estado de S Paulo – 01/07/10)

O governo de São Paulo fará de tudo para encontrar estes sindicalistas e ajudará também o governo chinês a identificar e punir aquele chinesinho…

por Marina Macambyra*, do blog Dia de Greve

Acabou a greve dos funcionários da Universidade de São Paulo. Chega, por enquanto. Exceto pela Copa do Mundo, amanhã tudo começa a voltar ao normal.

E o nosso normal, como é mesmo? Ah, é muito bom. O grande problema da USP são as greves, não é mesmo? As greves, os grevistas e aquela instituição satânica que é o Sintusp. A greve terminou, acabaram-se os problemas. Sai o Haiti, entra a Suécia.

A partir de amanhã, no máximo de segunda-feita, porque sexta é dia de jogo do Brasil contra não sei quem, a competência e a eficiência administrativas voltam a reinar em todos os campi.

A formação oferecida aos alunos volta a ser a melhor do mundo, graças à dedicação heroica de todos os professores, amparados por funcionários eficientíssimos com salários acima do padrão do mercado, e, naturalmente, ao entusiasmo com o qual esses alunos privilegiados respondem aos esforços dos docentes.

Não há falta de professores. O problema era a greve, que não deixava os professores chegarem às salas de aula porque não tinha Circular. Agora o Circular volta a passar a cada 5 minutos. (mais…)

Infelizmente o Blog passou alguns dias completamente parado devido à correria de final de semestre que deixou quase todos os nossos colaboradores completamente sem tempo de escrever aqui.

Para quem não sabe, vale o informe(um pouco atrasado): os funcionários saíram da greve. Depois de 57 dias de uma mobilização radicalizada e muitos ataques do reitor – que vão do corte de ponto a declarações infames como a comparação da Universidade com a Haiti – os funcionários deliberaram em assembléia, no dia 30 de junho, pelo fim da greve e reinício das atividades a partir do dia 1 de julho. (mais…)