Coseas: basta deste sistema de gestão de material humano
Por Coletivo odiamos Rosa Godoy
Há certo tempo atrás, pode-se dizer, que a administração da USP temia os habitantes do CRUSP.
Ocupavam prédios abandonados, os fazendo virar moradia, contra a administração que preferia deixá-los ruir. Lá abrigaram-se antagonistas ao regime militar e militantes anticapitalistas (veja este depoimento de Wolfgang Leo Maar: “O CRUSP despertava a ira do regime não só por sua posição central na organização estudantil (foi ali a grande assembléia em que se discutiu as prisões de Ibiúna) mas porque significava um espaço crítico em relação à manipulação ideológica moralizante promovida pelo governo de então. A despolitização do movimento estudantil que se promovia oficialmente tinha ali seu grande contraponto: cultura e ciência eram vistas no CRUSP como necessariamente engajadas. A política era considerada intrínseca à vida estudantil” (http://movebr.wikidot.com/depoimento:fpa-wolfgang-leo-maar).
No relatório dos militares sobre o Crusp (http://movebr.wikidot.com/crusp:ipm-68) o Crusp aparecia como o centro de toda a política estudantil paulista. Por quê ? Porque era auto-organizado e num momento de politização massiva.
A Coseas com o tempo conseguiu controlá-lo, através da gestão de seus recursos, não apenas financeiros, mas administrativos, controlando progressivamente quem entra e quem sai, quem pode comer e quem não pode, quem se hospeda. A Coseas até hoje mantém convênio com um centro privado de internação de dependentes químicos, e manda alunos sem autorização deles ou dos pais. Lembro-me de quando investigávamos onde havia ido parar um nosso colega, que à época estava deprimido, pois bem, o problema dele era depressão, no entanto foi enviado para esse centro de internação de dependentes químicos, desta forma mandam para lá até depressivos – imagine se este procedimento fosse adotado linearmente em São Paulo, acabaria por incluir mais da metade da população paulista) e pessoas que passaram por processo de surto.
Saber quem entra e quem sai, uma namorada, namorado ou ambos não podem dormir com você? Não sem a autorização da Coseas, que, com o tempo, criou um gargalo ideológico para acesso de estudantes, como o de aceitar muito mais os declaradamente religiosos e evangélicos. Não tenho nada contra eles, mas a Coseas tem muito a favor.
Quando o gargalo do acesso aperta, como para muitos que retornam para suas casas após passar no vestibular, sobra a solidariedade, aceitar alguém de hóspede, apertar-se num quarto minúsculo para que eles também possam continuar a estudar e precisarão ficar fugindo, para desaparecer da administração da Coseas, que os perseguirá.
Parece o ruim? Não, não é o bastante.
Eles falam que os recursos estão acabando. Isto é, com sobra de recursos na Universidade, a Coseas apresenta os recursos para assistência como uma dádiva que não está contemplada no orçamento da USP e que em algum momento do passado, alguém teria dado à USP e a USP repassado aos seus “pobrinhos” como dádiva. Mas, como presente não é direito, não se pode reclamar, pois só aconteceu naquele momento, um dia vai acabar e os “pobrinhos” voltarão a ser cuidados somente por Deus e pela caridade de outros.
Certo tempo atrás, descobriram em gestões passadas que haviam cartas endereçadas à administração da Coseas por parte de deputados pedindo vagas na USP, que parte do dinheiro da assistência subsidiava o chopp dos professores no clube a eles dedicado, e que algumas das casas das heranças vacantes eram ocupadas como casas de veraneio cedidas a professores próximos e que disputavam o espólio que não era repassado aos “pobrinhos” da USP, renegados patinhos feios que ninguém assume, pois os outros estudantes sentem distanciamento e que, para quem é de fora, são parte da elite paulista por estarem na USP.
Em geral o movimento estudantil, com raras exceções, ou dá um piparote no Crusp ou os chama de “potencial de mobilização”, “pontecial agregador”, ou massa de manobra. Esperamos que surja algo mais comprometido nestas questões, pois a cosa está ficando feia.
Outro gargalo mais cruel é o acesso à comida. Poucos tem acesso a vales para duas refeições diárias. A Coseas pensa, quem come duas vezes por dia, que luxo! Já deu a mão e quer o braço, mas para você que pergunta, mas o bandejão não é barato? Respondo, vivi por três anos com menos de 20 reais por semana, o que incluía fotocópias e material didático. Sobra o quê? dividir a comida, assim os cruspianos fazem para se ajudar, dividir a bandeja, vocês que lá comem já devem ter visto isso.
E o que A Coseas quer impedir? Isto, que se divida a bandeja.
Além disso há conflitos com o controle exercido sobre o Crusp da parte de quem é vigiado por seguranças e portarias e outras desgraças.
A administração da Coseas criou o inferno, uma utopia negativa onde os pobres disputam entre si uma vaga escassa e tentam ser os mais dóceis possíveis à cruel administração de Rosa Godoy, que exercita suas habilidades maquiavélicas e que, agora, com Rodas, deve ter sentido um aceno em direção a seu projeto de pleno controle, isto é, vigilância, controle e punição exercido em todas as direções para gerir uma massa amorfa que se digladia por vagas.
A Amorcrusp já teve seleção paralela à revelia da Coseas que se efetivava, hoje isto parece um sonho, mas um lampejo irrompe, ocuparam o centro daquele terrível pequeno poder que realiza experimento de controle sobre os poucos pobres e pessoas distantes de suas casas que conseguem entrar na USP. Por um dia não brigaram entre si por uma vaga, mas contra a Coseas.
Acho que basta deste sistema de gestão de material humano.
18 março, 2010 at 16:39
Impressionante como o Coseas sempre teve este sonho de se tornar uma instituição totalitária…
18 março, 2010 at 18:32
Instituição totalitária? pqp vcs carecem de realidade.
Que a moradia no Crusp não é lá essas coisas, tudo bem, eu concordo, mas daí querer poder fazer qualquer coisa, levar quem quiser como se lá fosse albergue ou hotel sem controle, qual é? E nem essa de repressão dá para levar a sério, vcs querem fazer uso de qualquer coisa mesmo que seja proibido pela lei. E mais essa do bandex, o valor já é baixo, faz tempo que é o mesmo, ajuda muito todo mundo e mesmo assim neguinho não quer pagar, sendo que a maioria que tenta dar um mané no bandejão pode pagar, é pura esperteza.
Vcs tem umas coisa indefensáveis. Aposta que já tá cheio de partido na Coseas, tá lá psol, negação, pco, pt e todas as siglas possíveis da esquerda besta brasileira. Estão lá feito urubu ganhando em cima, o problema do Crusp é secundário, é pretexto. Pra falar a verdade, aposto o que quiserem que isso é de iniciativa dos partidos da vida.
Saco, véio, vcs não sabem dialogar…
18 março, 2010 at 21:23
O Coseas só está intervindo em Sâo Carlos porque a situação se tornou insustentável. Virou um puteiro, gritaria a madrugada toda, desrespeito, falta d eeducação, quebradeira, festas até altas horas… tudo financiado pela usp… que autogestão é essa que não tem dinheiro pra nada? Façam me o favor!
18 março, 2010 at 23:44
De acordo!
19 março, 2010 at 0:00
Vocês estão tendo crises em São Carlos ? É um ótimo pretexto e momento de deixar entrar aquilo que parecer resolver seus problemas e depois cria outros e não sai mais.
Em moradia, todo mundo prefere alienar para algum outro fazer algo, como se já tivesse ganhado a chave da casa própria.
Cuidado, outra coisa está em curso, mas, como sempre, lá dentro todos estão contra todos querendo se policiar como em bairro de cidade pequena, aí vem quem aparece para resolver e, na verdade, restrigne os direitos. Olho vivo.
Mas isto é real. as assembléias estão sendo documentadas pela guarda e pelos proteiros que ficham as pessoas.
Amigos foram presos pois tentavam defender hóspedes que estavam sendo arramcados à noite dos apartamentos, pois isto sim ocorre.
Ao ser arrancado de sua casa, ele tentou acionar os demais alunos. Para isso tentou, assustado, acionar o alarme de incêncio.O alarme não funcionou, mas mesmo assim ele foi levado pela guarda apara a delegacia, onde colocaram a acusação de dano qualificado.
Ao ser preso, pois isto prende na hora, ficou três dias. Foi poupado pelo PCC que viu apenas um garoto asustado.
O jovem é gago, depressivo, e estava apenas reagindo ao guarda que queria jogar fora um estudante Chileno de pós graudação em lógica matemática.
Ficou três dias até descobrirmos onde stava com um amigo da polícia civil. A Coseas nada informou, a ninguém.
Tinha problemas parecidos com os que descreve, mas os meus eram com os cultos evangélicos relizados na cozinha, mas eram protegidos.
As regras valem pelo favor e sempre se relativizam. alguns são chatos protegidos contra outros que não o são. Com a Coseas, sua vida não vai melhorar. Garanto.
Outro conhecido foi arrastado para uma clínica privada, pois estava deprimido e não tinha conehcidos.
Não sei se conehce o procedimento para estes casos, mas internação involuntária de quem não está causando transtorno em alguém é proibida.
Ainda mais numa clínica privada para dependentes químicos que não era o caso.
Há tretas e tretas, não sei das suas, mas não vejo nada positivo na atuação da Coseas durante o tempo que estive lá, e isto desde o momento em que ela disse que a moradia é um favor que o estado faz.
Isto quer dizer que nada pode ser cobradoou reinvidicado, apenas pode ser dado e tirado sem reinvidicação.
19 março, 2010 at 0:05
Além disso se não fosse dividir bandejáo, passaria fome. Como no caso descrito, vivai um perrengue lascado, mas só tinha um bandejão por dia durante a semana.
2 reais é barato pra quem conta com a grana da Mãe. Sem bolsa trabalho, fica difícil pra muita gente, ainda mais cortando os dois juntos.
Que seja partido intervindo. Acho péssimo, mas as pessoas de esquerda, que podem se preocupar com os outros muitas vezes se associam neles.
Há outros que não fazem isto e mesmo assim se ajudam. Não parece ser o caso de vocês, que tão na batalha como muita gente pensando no seu. Mas quem tá no perrengue precisa da ajuda de alguém.
19 março, 2010 at 1:22
Legal. Situação difícil, mas nunca vi problemas com o Coseas em piracicaba, por exemplo. As pessoas vivem dignamente sem ter que dividir quarto, ou seja, quarto só para elas, além de banheiro dividido com apenas mais um. Por
19 março, 2010 at 1:26
Porque em pira dá certo? POrque há respeito. Horários e tempo para festas. Aqui, se você for pedir educadamente para a pessoa baixar o som da festa, diminuir o volume da voz, ela te agride verbalmente, te faz de idiota na frente dos outros. E aumenta o volume, por pura provocação. E fica impune, porque não há para quem reclamar. E para onde devo ir? Meus pais não têm condições de me auxiliar, são idosos e com problemas de saúde. Não posso sair de lá, embora queira, por não ganhar o suficiente. Como que faz cara, com quem se fode? E olha qaue democrático, apagaram meus comentários… excelente!
19 março, 2010 at 1:46
E cara, sinto muito, mas também tive que viver bastante tempo de 2 refeições, e olha que não tem sábado a noite e domingo… então eu não comia… não teve outro jeito que não arranjar um emprego. Toma meu tempo, durmo 4 horas noite (quando os vadios fazem putaria, não durmo), o tempo que me sobra é para estudar, mas se eu for ficar esperando alguém em ajudar, eu morro de inanição. Outra coisa. Em lugar algum do mundo eu vejo acolhimento em moradia de graça de alunos estrangeiros… senão eu teria ido estudar fora… porque temos que acolhê-los aqui? Vocês espera o mesmo tratamento indo ao país deles?
Quando aos doentes mentais, há em sanca um caso de um esquizofrênico, e são os demais moradores que sofrem com o comprtamento abusivo e violento dele, já que ele se apoia nessas desculpas para estar a mais de 10 anos morando lá e só quem mora perto dele sabe descrever o sofrimento que é…Outra coisa. Aqui em sanca tem muita, mas muita gente que não precisa morar no alojamento. Tem boas condições, mas mora porque é “legal”. Mesmo que isso signifique espremer um monte de gente num cubículo, sem mínimas condições humanas. Sem contar os casos de moradores de são carlos que moram no alojamento. A cidade é pequena, dá pra perfeitamente ir a pé… mas sair de casa aprontar é mais legal né? Afinal, encher a cara, cheirar tudo, fumar tudo em casa, os pais não iam deixar…
19 março, 2010 at 1:51
Então, acredito que grande parte do problema do Coseas é culpa dos próprios moradores. Pelo menos no interior. Se a dita autogestão estabelecesse regras de convívio, não haveria tanta reclamação, tanto desespero por uma mudança. É o quew você chama de policiar. Sei que grande parte dos moradores não trabalha, não vê problemas em faltar às aulas, em dormir o dia inteiro, mas algumas pessoas não estão nuam vida tão fácil assim, elas têm que trabalhar e tal… que tal deixá-las pelo menos descansarem à noite? O inferno é real, mas deixem-nos fugir dele pelo menos em nossos sonhos…para termos formças de suportá-lo quando acordarmos.
19 março, 2010 at 10:46
Caro Douglas,
Bons arugmentos os seus. também acho que muita coisa pode ser usada, sob um manto de neutralidade e bom senso, para exercer controle para além do mero convívio civilizado. Mas, o que a Mari diz é correto, pq deixar fazer o que se quer torna inviável qualquer relação de vizinhaça dentro dos limites razoáveis, ainda mais numa moradia de estutantes, onde é preciso um mínimo de tranquilidade para estudar, lembrando que essa tranquilidade é desejada em qualquer ambiente seja para quem estuda ou simplesmente para quem quer uma vida minimamente possível.
O que acontece no Crusp é exagero, diria que vai além do exagero. Já morei no Crusp, dormir qualquer dia da semana era um inferno, e mesmo assim tinha morador que vinha falar em repressão quando se tentava colocar algum limite para farra.
Então, meu querido, diria a vc que liberdade se dá para quem é responsável, pq no crups a maioria entende liberdade como passaporte para fazer o que bem entende, mesmo que isso interfira na vida de outro.
Abraço,
Carol
19 março, 2010 at 12:40
Carol,
A liberdade que permite fazer tudo o que der na telha do indivíduo é uma liberdade liberal e não a que eu, e creio que o douglas por aqui defendemos.
Se argumentarmos que a liberdade é dada para quem é responsável, abrimos precedente para pensarmos: quem decide quem é responsável e sob quais critérios?
Claro que uma política de boa vizinhança entre os moradores do CRUSP deveria ser aplicada, mas não uma vigilância quase espiã que chega ao ponto de infiltrar olheiros em assembléias e mandar relatórios para a direção da COSEAS. Um pouco demais, não acha?
Uma gestão feita pelos moradores do CRUSP não significa uma balbúrdia sem pé nem cabeça, mas sim autonomia para que tomem medidas para seu bem-estar e condições de moradia visando sua condição de estudante.
Toda vez que uma medida “em prol do bem estar” é implantada de cima para baixo, carrega consigo muito mais do que seu nome apresenta.
19 março, 2010 at 13:13
Carlos,
O que vc entende por olheiros? Vcs afirmam coisas do tipo, mas sob quais evidências? Não será mania de perseguição?
Vc já morou no Crusp? Devo concordar que é meio largado pela Reitoria, mas no que diz respeito ao convívio, é simplesmente complicado. Festas, barulho, apartamente de repente com seis, sete pessoas dormindo, sem que o seu companheiro de ap tenha avisado e coisas do tipo. Não tenho nada contra colocar um freio nisso, e quando olho para as reivindicações e para o que o Douglas escreveu, está-se defendendo a permissividade para essa ordem de coisas, por isso não posso defender o tipo de liberdade a que se referem, nem posso acreditar que tenha tal nível de vigilância, mesmo pq vcs tem mania de perseguição, tudo é conspiração.
Abraço,
Carol
19 março, 2010 at 15:07
Carlos, correu?
19 março, 2010 at 18:08
Carol,
Quanto à “mania de perseguição”, realmente, quando se fala parece que existe mais do que de fato acontece. Entretanto, peço que antes de também tirar uma pré-concepção a respeito de se há de fato uma perseguição ou ela não passa se devaneios, que leia atentamente o documento encontrado do Coseas em que, desde 2001, implemetam efetivamente essa política. Mais precisamente, existem três relatórios práticos que conseguimos onde funcionários assinam relatórios a respeito da vigilância da vida dos moradores. Eles estão digitalizados e espero que postem no blog também.
Quando qualificamos os outros como algo diferente de nós, e acho que é este o caso, estamos nos colocando em outra posição que é provavelmente oposta (“nem posso acreditar que tenha tal nível de vigilância, mesmo pq vcs tem mania de perseguição, tudo é conspiração”). Cuidado para não defender coisas que também te reprimem. Em outras palavras, você mesmo acabou de fazer um pré julgamento anti-conspiratório (e defender algo que provavelmente não te defende), sem se aprofundar e procurar saber de fato o que ocorre.
Ninguém é perfeito e pessoas que reivindicam algo, que seja a liberdade por exemplo, não pertencem a um movimento messiânico. Querer a auto-organização e conduzir os próprios problemas não presupõe um paraíso, e não será. Mas ainda sim, prefiro tentar buscar a capacidade de resolver meus problemas ao ter que delegar isso a terceiros (como se eles fossem melhores do que eu para cuidar disso). Talvez não.
Abraços,
Romulo
20 março, 2010 at 22:24
Engraçado que vocês só falam, distanciam a discussão para um nível filosófico e fogem do assunto. “Há documentos quer comprovam…” rs… lembro desse discurso no livro “A revolução dos bichos” e é assim que enxergos vocês. Como os porcos, querendo manipular o monte de ovelhas que são os que apóiam que as pessoas devem ter o direito a fazer o que quiserem. Meu, a Universidade está fazendo o favor de subsidiar sua permanência. É uma merda, nos tratam como lixos, eu sei, mas não é seu. Não é sua casa! Experimente se comportar assim no mundo lá fora, e você será visitado diariamente pela polícia, por desrespeito aos seus vizinhos. Outra coisa. Aqui em São Carlos, a autogestão, contrariando a vontade de alguns, fez um projeto do novo alojamento priorizando “áreas de convivência”, traduzindo, diversas salas para zona, festas. Essas salas poderiam ter sido quartos. Pelo menos 3 quartos para cada sala, para que ninguém precise morar em 5, como animais, que deitam em quaqluer lugar para dormir. Assim foi com um que eles chama de “puxadinho” no Bloco A. Pediram verba para a universidade, para fazer uma lavanderia. Bela lavanderia, nem varal, nem tanque, nem tanquinho. Cheinha de gente fazendo festa, churras… isso tudo aberto aos olhos da universidade inteira. Vocês têm noção da imagem que quem não é morador faz dos moradores de alojamento? Simplesmente somos vagabundos, ordinários, mamadores de tetas da universidade, descompromissados… drogados, putas… caras, eu tenho vergonha de ser moradora do alojamento. Tenho vergonha de tudo a que sou associada quando descobrem que moro lá. E a culpa é de quem? Quem criou essa imagem foram os vadios né? Agora, aguentemos…
22 março, 2010 at 1:20
O Crusp é uma zona e querem perpetuar a zona fazendo mais zona ocupando a coseas.
Tenho dito!
22 março, 2010 at 15:49
Prezada Mari,
Tentarei não ser tão ofensivo quanto penso que a tua mensagem foi: não pretendo descontar minhas frustrações em você.
Não pense que só existe filosofia no que é alheio a sua visão. Pelo contrário, essa noção de “se ater apenas aos fatos” e se esquivar de qualquer argumentatção filosófica também é uma pré-concepção (ou que você chamou de filosofia). Fatos que observamos não tem consciência nem pernas, não são por si mesmos concluíveis; quem tira conclusões deles são pessoas (como eu e você), orientados pela filosofia que defendem. Ou seja, não há problema nenhum em discutir a filosofia, pois não mudamos de assunto, ao contrário da conclusão equivocada que tu escreveu. Essas ações estão sim motivadas por “filosofia”, assim como a tua de vir aqui e atirar para todos os lados os fatos que tanto te reprimem em São Carlos. A diferença está em como interpretar esses “fatos” e principalmente que posição tomar a respeito disso. Inclusive, essa mera descrição de fatos que se pretende ser afilosófica, esconde um tipo de orientação reacionária e excludente. Cuidado.
Quanto à questão da auto-gestão, acho que há uma confusão na sua percepção. Auto-organização não é um meio de anarquia que vagabundos defendem para continuarem a ser irresponsáveis. Estude, existem diversos exemplos bem sucedidos e até organizações sociais complexas que se organizam assim e nem sabem que nós, cristãos ocidentais, damos esse nome a “como resolver todos os seus próprios problemas”. Se tu acha que o Estado te faz algum favor, me desculpe, isso é uma premissa tua. Custear os estudos integrais de estudantes universitários sem condições é uma tarefa do Estado em vários países que tem uma carga tributária semelhante a nossa. Entretanto, tu está confundindo sua profunda reprovação do modo como seus colegas de moradia vivem com a proposta de auto-gestão. Ora, para você, o problema é que eles são irresponsáveis e vagabundos e, portanto, não são como você. Se todos fossem como você, responsáveis, obedientes e submissos a aceitar serem tratados como “lixos”, não haveria problema! Acho realmente que se tu olhasse com mais atenção a essas diferenças, e não as reprovasse porque discorda filosoficamente dos teus colegas, talvez iria conseguir justamente o que é primordial e nem chega a auto-gestão: respeitar e ser respeitada pelos demais.
Existem muitas pessoas que também trabalham, que tem outras resposabilidades e apoiam a ocupação. Mais vagas, condições mais humanas e menos segredos nos processos seletivos, no entender de muitos – que você julgaria responsáveis – são reivindicações que procedem. O número de pessoas – em relação aos que vierem de escola pública e são considerados com “desvantagens socioeconômicas – que o Coseas atende com moradia ou algum “cala-boca” de 300 reais não serve nem para fazem estatística. Os seus problemas pessoais com o restante dos moradores não deveria impedir que você também concordasse e apoiasse mais vagas e melhores condições para os estudantes pobres que ingressaram contigo (que certamente tu deve conhcecer muitos que não tem qualquer tipo de auxílio) e para os que chegam a cada ano.
Com relação a sua analogia das pessoas que defendem a ocupação e as reivinidações com os porcos da Revolução dos Bichos, para não desmerecê-la: certamente a crítica não era para estudantes que você mesmo concordou que são tratados como “lixo” pelo Estado. O contexto era outro e está muito distante da interpretação que tu tentou fazer. Além do mais, foi um argumento puramente filosófico, e eu posso contrariá-lo defendendo o contrário: quem são os porcos que detem o poder legal da violência e da coerção, que se entendem no direito de vigiar e possuir todas as informações para “o bem geral”? E quem são as ovelhas que, mesmo oprimidas, os defendem?
Abraços,
Romulo
22 março, 2010 at 17:10
Mari
Quando eu disse, eu não disse que tinha duas refeições por dia, mas apenas uma. Talvez tenha me entendido mal. Eu só comia duas vezes pq dividiam o bandejão comigo, coisa que se tornou impossível a partir de agora.
Piracicaba funciona melhor ? São casinhas condicionadas por repúblicas ligadas à vermelhso ou azuis. Sabe o que quer dizer isso? Além disso, há muito menos alunos e demanda.
Não sobram como hoje quase trezentas pessoas sem moradia. E para o caso de conehcidos por exemplo é desistir da usp.
Vigilância. Sei destes papéis. Tenho receio de que vazar este tipo de dados é violação e vale processo como ocorreu no caso da ocupação. Mas pode ser conferido. A USp inclusive modificou parte do funcionamento da guarda universitária exclusivamente para policiamento político, que se chama GESP. com verba própria e que sempre coleta informações mantendo um banco seletivo de dados. Por coincidência faz monitoramento criando modelos de redes, o que está em voga na área geral de inteligência da polícia militar.
Atentei que querem tranquilidade, legal. No crusp há blocos e blocos, não se mora sozinho exceto alguns protegidos então sempre terá probabilidade de morar com quem não queira ou que gere algum tipo de problema. Isto é da natureza humana e só se conhece depois.
O que quiz atentar é que isolamento e o fato de se morar num lugar onde as pessoas em geral são ricas, te excluem, e a cidade é inviabilizada cria tensões, aleḿ das cobranças. Vários professores conhecem, para alunos vindos das escolas públicas o que chamam de período de adaptação de dois anos em que passam por situações de compensação de deficiências como línguas, matemática avançada e outras que o estudante vidno de escolas particualres já possui acumulado.
Além disso passam por experiências de socialização e outros. O crusp é como outras habitações humanas mas que passa por uma outra tensão que atravessa as relações.
O que me incomodou, não sei que curso fazem, é o discurso de “não gostaria de conviver com anormais” isto é no mínimo preconceituoso, pois a normalidade é um critério diverso de pessoa a pessoa, a não ser que seja imputado por um grupo sobre outros, como ser de um padrão ou tipo errado. É como muitas unidades encaram estudantes pobres que estão se adaptando a este lugar e a estas regras não consensuais. O único modo de se criar regras de convívio é falando-as e entrando em acordo.
No caso do Coseas, o controle via mais na direção de evitar resistências para uma transição em direção a cortes de verbas como vem ocorrendo, o que, como tenho dito, acaba por influenciar a todos, os maus que vc aponta, e os “bonzinhos e bem comportados”, mesmo que sigam as normas prescritas do coseas.