Terceirização na USP, segundo boatos
As empresas que “prestam serviço” para a USP atacam, diariamente, diversos direitos trabalhistas. Não obstante tal situação de grave prejuízo para os trabalhadores terceirizados, a USP tem dito abertamente que: “Não temos nada a ver com isso! Trata-se de um problema da empresa.”
Por Ludmila Facella*
A política de terceirização na Universidade de São Paulo, que cresceu 40% no último período, trata-se da implementação de uma política de privatização da Universidade, em que a tarefa do poder público passa a ser de empresas privadas, estas não têm nenhum compromisso com o caráter público da universidade e com o ensino, mas sim com a obtenção de lucro.
Amplia-se a política de privatização, amplia-se a política de exploração
Aos trabalhadores terceirizados são impostas supressões de direitos trabalhistas, sendo sujeitos a condições precárias de trabalho, instabilidade de emprego, salário de fome, carga horária abusiva e constantes humilhações. Todas essas restrições aos seus direitos são para gerar redução de custos orçamentários. Os patrões – como parasitas que são – sugam os direitos dos trabalhadores para manter lucros exorbitantes! A precarização dos direitos trabalhistas é, para os empresários, um dos meios encontrados para obterem mais lucro e é, para a universidade, um dos meios de amenizar a crise fiscal do estado (reduzindo os gastos públicos) e favorecer os interesses privados.
Diante da situação clara de abuso contra os trabalhadores, a Reitoria se cala
A Reitoria não age com rigor e não toma providências frente às inúmeras denúncias de irregularidades com os trabalhadores, pois, supostamente, há professores e funcionários da USP (que possuem “cargos de confiança”) que são donos/sócios de empresas que prestam serviço à USP. Circulam muitas informações e muitos boatos sobre uma máfia existente dentro da Universidade formada por professores e funcionários que são donos de empresas terceirizadas, enquanto gestores públicos que trabalham na Reitoria encobrem todas as irregularidades das empresas. Vamos a um dos boatos.
O Caso EVIK
A EVIK é uma empresa que “presta serviços” de vigilância para USP e é a que mais tem crescido na Universidade, chegando a preencher, atualmente, 800 postos de trabalho. Segundo boatos, esse crescimento se deve ao seguinte fato: o dono da EVIK é, supostamente, o chefe da guarda universitária.
Muitos guardas universitários (mais próximos do chefinho), ao invés de assegurarem o patrimônio público, agem como fiscais dos vigilantes contratados pela EVIK e sempre com muita truculência, segundo denúncia dos próprios vigilantes.
Alguns vigilantes contratados pela EVIK denunciam seus “companheiros” que tentam organizar alguma greve ou protesto contra os abusos que sofrem diariamente por parte da guarda universitária e contra os ataques aos direitos trabalhistas e (pasmem!) esses vigilantes são rapidamente incorporados à guarda universitária. Coincidência ou bonificação?
Por enquanto, “o caso EVIK” é um boato, assim como o dono da empresa Personal de vigilância ser professor da USP São Carlos é mais um junto a tantos outros.
No meio de tantos boatos, uma única certeza: O movimento estudantil deve se colocar na luta junto aos trabalhadores terceirizados, defendendo a imediata incorporação deles no quadro de funcionários da USP, sem concurso público, pois é a única maneira de garantir salários dignos e todos os direitos dos trabalhadores a viver, e não apenas sobreviver. Cabe ao movimento estudantil não aceitar a política de privatização travestida de terceirização dos serviços na Universidade, que só faz repassar dinheiro público para as empresas e enriquecer seus proprietários.
Essa reivindicação tem dupla implicação para os estudantes – pois lutar por uma universidade 100% pública significa lutar para que o poder público assuma as demandas da universidade e não empresas privadas; e lutar por ensino de qualidade passa por lutar por trabalho e salário decentes para os trabalhadores do ensino.
Pelo fim da terceirização e da privatização!
*Ludmila Facella é estudante de Artes Cênicas na USP
3 abril, 2010 at 14:25
“Pelo fim da terceirização e da privatização”. Monte de besteira ideológica de gente que não diz nada de novo, que repete velhos e enfadonhos slogans sem apresentar nenhuma novidade. De gente que não é capaz de acompanhar a modernidade, que quer o país no tempo da iluminação à gás.
A terceirização é um processo inexorável e ajuda a diluir a incompetência estatal.
Marcelo.
5 abril, 2010 at 9:34
Fiquei irado com a resposta do sujeito aí em cima.
Minha mãe está velha e continua trabalhando, minha família é pobre.
Hoje ela tem carteira assinada, o que pressupõe um contrato com alguém, e anos contabilizados para aposentar, mas como trabalhou por empreitada em colheitas em empreitadas em empresas terceirizadas rurais, não tem anos contabilizados para se aposentar e por isso terá de trabalhar até morrer.
A mudança de empresas que muitas vezes reveza entre marcas de fantasia de um mesmo dono que fazem com que os trabalhadores não possam tirar férias, por exemplo, ou revezar entre demitidos e contratados temporários.
Mas faltaram dados no texto. E um sujeito de má-fé, provável viúva do movimento de reação estudantil, ia aparecer, claro. Essa seita satânica tem raízes de fato entre o húmus da terra desse jardim festivo que é a USP, principalmente naquele Shopping ao lado dos bancos.
A terceirização é um contrato desigual, onde um (no caso a USP, o contratante do contratante)recebe o serviço, o segundo (o contratante do trabalho liberado de responsabilidade) lucra intermediando e um terceiro (o que faz) não tem a quem cobrar direitos como outros trabalhadores, pois o primeiro, a quem se realiza o serviço, se desonera e o segundo, é temporário e sem responsabilidades para com o trabalhador, só, teoricamente, para como serviço prestado.
Como pode ser modernização e evolução algo que gera um intermediário, como um traficante que lucra só na circulação e controle do trabalho? Pq só evolui ao fazer regredir para o outro, para o trabalhador, para quem a situação regride ao antigo Egito.
E o serviço prestado, simples, mude a marca de fantasia, quebre o contrato que outra empresa com laranjas do mesmo dono fará teoricamente o serviço que a outra não fez. Mantendo um ciclo.
Lembro uma vez a empresa de limpeza q cortou o gasto com produtos de limpeza e os funcionários tinham que arcar com o salário, se alguém reclamasse ele perdia o vale alimentação. O professor só via o serviço não feito. E para quebrar o contrato ? Fácil, não ? Demora quanto tempo ? E o trabalhador que teve de arcar com tudo, além disso, fica sem seus direitos, pois a empresa alega falência… e continua atuando, ou o processo dura e dura e nenhuma outra empresa pode ser contratada até que se resolva, pois pode prejudicar o sacro santo direito da empresa de competir que é maior q o do trabalhador poder poder se vender para trabalhar somente para poder viver (veja q direito contraditório, não ?).
E no caso da Evik então ? Especialmente um que é contratado como consultor da USP, é delegado da civil e a empresa é de seu primo. Fantástico. Superótemo. Seu cara de pau !
5 abril, 2010 at 10:44
E mais uma coisa. E pq o trabalhador perde direitos, pq o empregador é mal, bastando pro um bonzinho ?
Não. Pq ele não pode reclamar e reagir, pq será demitido. E se eles não podem se organizar e reclamar por si, ninguém o fará, como no seu caso, quer que desapareçam, restando apenas o serviço abstraído do realizador, o trabalhador, mero meio dispensável.
Isto tende, no limite a uma utopia, que já foi filmada, Metrópolis. O sonho de ser uma elite sem trabalhadores onde tudo é feito por robôs e os pobres escondidos no subterrâneo, qdo nem força de trabalho poderiam vender.
5 abril, 2010 at 12:14
Meu caro Douglas,
Sinto pela sua mãe. Evidentemente existem excessos e eles precisam ser coibidos. mas existem excessos em todas as esferas do mundo do trabalho. Isto quer dizer que não é por conta de um ou outro equivoco que todo um meio deva ser condenado. Sinceramente, o aparelho estatal é ineficiente e corrupto, e contra isso que me coloco, quando menos estado melhor.
Marcelo Bruno
6 abril, 2010 at 15:01
Que empresa privada não é corrupta ? Nos anos que tarbalhei em multi-nacional Francesa e outra Holandesa, vai dizer que lá é a terra da ilibação e de gente legal ?
A crise financeira foi gerada por operações fidedignas de genet altruísta ?
Se a empresa estatal não é uma maravilha na hora de cumprir aquilo que por lei deveria cumprir, pois tem um princípio a se realizar, que é aquilo que foi prescrevido por lei e cujo processo para realizá-lo ela desenvolve, o que dizer da empresa privada ?
Vamos colocar em outros termos. A emrpesa privada não tem como meta o serviço, mas a acumulação, a pura ganância (ou lucro em espanhol e qdo traduzido literalmente de outras línguas). Qualquer buraco jurídico para dar balão ela se aproveita, especialmente quando ela mesma infiltra representantes de seu interesse no estado, aí vira um círculo vicioso.
Nenhum bem ou valor de uso permanece inalterado na relação entre a lei da oferta e da procura, principalmente porquê ela se utliza de mecanismos para gerar monopólios e o seu fim específico: acumulação de capital e não bens, direitos ou serviços. Dar balão para ganahr dinheiro onde for possível não é uma filosofia de vida, nem um desejo de Deus, mas a lógica do processo que faz com que elas se mantenham na luta umas contra as outras.
No meio do caminho, vale tudo, e para isso serve terceirização: acabar com regras trabalhistas para umas terem vantagens sobre as outras ao prestar um serviço para o estado utilizando-se de influência nele. O estado não é bom ou mal, ele é disputado e quem consegue mais influência, quebra o mais fraco, empresas menores, trabalhadores e, caso seja necessário, até mesmo o serviço que prestam é cortado.
A telefônica é ótima ? O serviço de transporte público ? A imprensa faz bem a comunicação que é direito das pessoas ?
O pior é que estas coisas são discutidas nos termos das empresas que querem fazer estas coisas, na verdade, são direitos e como tais deveria ser obrigação q fossem cumpridos com qualidade inclusive na obrigação para com seus meios, no caso, quem faz estas coisas, que no seu raciocínio, não deveriam existir como questão.
Mas existem, respiram, sofrem e fazem as coisas para que você possa abstrair os meios e imaginar um lindo mundo maravilhoso de empresas privadas.
9 setembro, 2011 at 10:43
É tudo verdade o que a Ludmila falou, e eu como vigilante da usp ,da Evik, sou uma vítima destes porcos, nos tratam como lixos e, quando reclamamos nossos direitos básicos, horário de janta que muitas vezes não tem, pois não tem ninguem para cobrir, ou quando os supervisores da evik ( não passam de vigilante condutor ! ) não se comunicam entre si e fodem o vigilante dando gancho ( uma espécie de suspensão ) que no final do mês é descontado de nosso sálario que já é muito alto né….depois destes comentários não sei se vou continuar na USP, mas fica meu desabafo.
Atenciosamente
Fabiano
13 junho, 2013 at 0:10
caro colega eu sopu ex funcionario aqui da evik ribeirão preto digo ex pq eles perderam a licitação dia 16 de maio e de tal maneira ate na rederida data não tivemos se quer a baixa das carteiras eu gostaria que fosse passado o qtc para todos os nossos colegas dai tambem para saber o que realmente a firma evik é obrigado .
22 setembro, 2011 at 12:13
De nada adianta ficar de boatos, se as denuncias não forem reclamadas no poder judiciário. Mesmo cietes da lentidão de nossa justiça, mas é ela que amenisa as injustiças sociais, baseada na nossa constituição.
17 janeiro, 2012 at 19:00
vejo os comentários de 2011 e que em 2012 as coisas não mudaram!!!!Tenho muito medo de pra onde a USP está caminhando!! A privatização é um perigo e um absurdo, em todos os sentidos!! Um sintoma grande e muito grave é o fato de que a USP, até hoje, não aceita as notas do ENEM como uma primeira prova seletiva, ou seja, o estudante do ensino público não tem direito a estudar em uma universidade pública? Há algo muito errado nisso!!! Tirando o fato de que quase não há cursos de artes(Principalmente artes cênicas!) em universidades públicas em São Paulo, somente em particulares, onde as mensalidades não são acessíveis á todos!!! Além disso tudo, os estudantes que fizeram o ENEM nesse ano e desejam cursar artes cênicas não encontram opções de universidades ou faculdades para se inscreverem pelo PROUNI!!!! Acontece que a arte faz refletir, forma cidadãos e não é isso que é desejado!!! pode parecer que isso não tem nenhuma ligação com o caso da empresa de vigilantes, porém isso está incluso em uma bola de neve que nos esmaga sempre.Sempre o mais fraco!!! Por isso é que precisamos de união e me coloco á disposição para qualquer ação em prol da igualdade e pela dignidade humana!!!